Camilo Santana ainda questionou legalidade de escolas cívico-militares e defendeu diálogo para mudar o ensino médio
O ministro da Educação, Camilo Santana, defendeu as ações adotadas pelo governo federal após os ataques a uma escola em São Paulo e a uma creche em Blumenau (SC) e afirmou que uma solução para esse problema não será conseguida “da noite para o dia”.
Em audiência pública da Comissão de Educação da Câmara nesta quarta-feira (12), ele apontou agravantes, como o crescimento do que chamou de uma “cultura do ódio” propagada pelas redes sociais, e ressaltou a necessidade de controlar essas mensagens.
O ministro enumerou ainda as providências já adotadas pelo governo, como a criação de um grupo interministerial e o objetivo de construir um Plano Nacional de Enfrentamento à Violência nas Escolas. Deputados de oposição, no entanto, questionaram o ministro sobre as respostas aos atentados que resultaram na morte de uma professora e quatro crianças.
O deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), por exemplo, defendeu a aprovação de projeto de sua autoria que prevê guardas armados nas escolas (PL 1449/23). “Outras soluções discutidas já aqui nesta Casa, como detectores de metais, como apoio psicológico para evitar o bullying, nenhuma dessas supostas soluções impede que um criminoso pule o muro de uma escola e mate alunos e professores. Nenhuma, a não ser um homem armado”, disse.
“Tem prefeito que quer estabelecer lá o detector de metal na escola. Tem governador que já estabeleceu que vai botar guarda armado dentro das escolas. Vamos discutir e ver quais são as evidências e as ações que estão sendo efetivas”, disse.
Para o ministro, é preciso indignar-se e não aceitar o que está acontecendo nas escolas brasileiras. “E temos que nos unir, independentemente de cor partidária, de ideologia, porque o que está em jogo é a vida das pessoas, isso está em primeiro lugar.
“As escolas cívico-militares atendem às comunidades em vulnerabilidade social. Buscam promover a segurança, lembrando também que as famílias apoiam o programa”, afirmou, explicando que nessa iniciativa os militares executam o papel de monitores. “A Matemática continua sendo Matemática, o Português continua sendo Português, a Geografia continua sendo Geografia. Eles trabalham da sala de aula para fora”, disse Zucco.
O ministro da Educação disse que as 202 unidades que adotaram modelo cívico-militar vão continuar a funcionar. O governo, segundo ele, vai discutir a modalidade com estados e municípios, mas o programa não será uma prioridade.
Camilo Santana contestou a eficiência em termos de desempenho escolar e destacou que há um problema legal em relação a recursos. “Há um conflito normativo que a área jurídica está discutindo, porque nós estamos repassando recursos para as Forças Armadas. Recursos do Ministério da Educação estão indo para as Forças Armadas para pagar coordenadores e monitores em escolas”, observou.
“Não se muda um ensino médio apenas por decreto ou por lei. Muda-se com diálogo, com construção. Porque quem executa a política do ensino médio não é o MEC, são os estados brasileiros, são os 27 estados que executam. Portanto, eles que são responsáveis pela implementação dessa política”, afirmou.
O deputado Mendonça Filho (União-PE), que foi ministro da Educação, avaliou que ainda é muito cedo para ter resultados das mudanças no ensino médio. “Um ano de vigência e as pessoas querem julgar o novo ensino médio, pela falta de formação dos professores, pela falta de infraestrutura de rede, por vários outros itens”, criticou. “Isso não está relacionado com o novo ensino médio, isso está relacionado à educação básica no Brasil, isso está relacionado ao velho ensino médio. Usam-se atributos e características do velho ensino médio para condenar o novo ensino médio”, disse Mendonça Filho.
Em quase sete horas de audiência pública, o ministro Camilo Santana relacionou algumas ações da Pasta e destacou a importância de um diálogo permanente com o Legislativo para a aprovação de projetos como o do Sistema Nacional de Educação e o do Plano Nacional de Educação.
O ministro também anunciou que o governo deve editar uma medida provisória para apoiar estados e municípios na retomada de 2.668 obras que estão paradas, de acordo com um levantamento sobre o período entre 2012 e 2021.
Fonte: Agência Câmara de Notícias