Norma da Capes vai regulamentar adoção de conteúdo assíncrono na pós-graduação presencial; cursos poderão definir quantidade de aulas remotas ao vivo
O governo Lula (PT) vai regulamentar a adoção de aulas online ao vivo em programas presencias de pós-graduação stricto sensu (mestrados e doutorados). A nova regra, a ser oficializada na próxima semana, proibirá que atividades remotas gravadas sejam computadas na carga horária dos cursos —sendo liberadas, no entanto, para conteúdos complementares.
O novo regramento foi definido pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão responsável por avaliar, fomentar e regular a pós-graduação no país. A Capes é ligada ao MEC (Ministério da Educação).
Uma instrução normativa será publicada para estipular o chamado “processo híbrido de ensino e aprendizado” nos programas de pós presenciais. O ato veio para regulamentar o uso de tecnologia nos programas por conta da disseminação de atividades online nos últimos anos, sobretudo com a pandemia da Covid-19.
A instrução não vai estipular um limite de aulas online ao vivo, e caberá a cada programa ou instituição definir isso. Mas não será permitido que todas as aulas dos cursos sejam no modelo remoto, mesmo que ao vivo.
A presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, diz que a nova publicação vem para preencher uma lacuna no sistema, uma vez que as realidades têm sido muito diversas pelos cursos, a partir, principalmente, do aumento do uso da tecnologia na educação após a pandemia.
“Com a pandemia, aumentou muito o uso da tecnologia e muitos cursos já têm essas ofertas. A instrução dá agora uma diretriz para os cursos presenciais”, disse Denise à Folha.
A Capes também vai oficializar que bancas de avaliação possam ser realizadas de forma remota. Denise ressalta que o ato se refere à modalidade presencial da pós-graduação e, pela autonomia das instituições e dos programas, cada um poderá definir o tamanho da carga horária remota ao vivo —e, portanto, com a possibilidade de interação com o professor.
“E cada programa já passa pelo processo de avaliação da Capes, o que tem garantido a qualidade da pós-graduação no país”.
A nova regra foi noticiada pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmada pela Folha.
O veto a atividades gravadas (assíncronas) no cômputo da carga horária oficial dos cursos está alinhado, segundo Denise, ao protagonismo que a interação com os professores tem no processo de ensino e aprendizagem.
“Pode haver a oferta, mas essas aulas não serão computadas. Aula gravada só como atividade complementar”, completa ela.
O sistema educacional divide o ensino nas modalidades presencial e EAD (educação a distância). Essa nova norma se refere somente à modalidade presencial.
A Capes já autoriza pós-graduações a distância desde 2019. Até agora, somente uma proposta foi autorizada pela instituição.
Trata-se do mestrado profissional em Energia e Sociedade do Cefet-RJ (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca), na cidade do Rio de Janeiro.
O Brasil tem 7.317 cursos de mestrado e doutorado. Eles são vinculados a 4.662 programas de pós-graduação. Em 2023, a Capes registrou 428 mil alunos nesses cursos, de acordo com os dados mais recentes do órgão.
Fonte: Folha de S. Paulo
Foto de capa: Marcello Casal Jr – 29.jan.24/Agência Brasil