78ab0423 72e0 4d2b 9070 46415d484374
78ab0423 72e0 4d2b 9070 46415d484374

Enem: saiba mais sobre as provas em braille

Participantes cegos e surdocegos têm direito a fazer o exame por meio do sistema de escrita e leitura tátil. Dia Nacional do Sistema Braille é celebrado nesta terça-feira (8)

Para as pessoas que não fazem o Enem ou não querem fazer pela deficiência ou por medo de não ter o apoio, eu diria que todos nós conseguimos e temos o direito de ter um bom futuro”. Aos 18 anos, Thayna da Silva Rodrigues, moradora de Itabira, Minas Gerais (MG), pauta-se em sua própria experiência para indicar as portas que podem ser abertas com a participação no . A jovem esteve entre os 195 participantes cegos e surdocegos que fizeram, em 2024, provas no Sistema Braille, cujo dia nacional é celebrado nesta terça-feira, 8 de abril. As provas em braille e outros atendimentos especializados fazem parte da Política de Acessibilidade e Inclusão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). 

Ao longo dos anos, o Ministério da Educação (MEC), por meio do Inep, aprimorou a acessibilidade nas aplicações, com o objetivo de oferecer condições cada vez mais isonômicas em exames e avaliações. Além das provas em braille, os participantes podem solicitar outros recursos, como: sala individual; mobiliário com dimensões adequadas para o manuseio da prova e dos recursos assistivos; auxílio para leitura e transcrição; tempo adicional; leitor de tela; prova ampliada; prova super ampliada; guia-intérprete; e sala de fácil acesso. 

Durante as aplicações, também é permitido utilizar material próprio, inclusive máquina de escrever em braille, além de outros recursos, como: lâmina overlay, reglete, punção, sorobã ou cubaritmo, caneta de ponta grossa, tiposcópio, assinador, óculos especiais, lupa, telelupa, luminária, tábuas de apoio, multiplano, plano inclinado. O participante também pode ser acompanhado por cão-guia. 

Além disso, os participantes podem escrever e ter a redação corrigida em braille. Quem solicita a prova nesse formato recebe, automaticamente, o recurso de mesa e cadeira sem braço, além de contar com um profissional ledor e transcritor. 

Estudante do 3º ano do ensino médio até o ano passado, Thayna fez o Enem 2024 com a perspectiva de cursar a educação superior em Psicologia. Ela contou com provas em braille e com o auxílio de um ledor. “Tive todo o apoio possível e todos os recursos que precisei para fazer uma prova com total autonomia e tranquilidade”, avaliou. Segundo Thayna, tudo correu bem, desde a solicitação do atendimento especializado até o momento do exame. “Precisei somente fazer o pedido e, no dia, lá estava todo o recurso e o apoio necessário para eu fazer uma boa prova”, afirmou.   

Morador de Senador Canedo, em Goiás (GO), Luziano Silva Neves, 27 anos, também fez as provas do Enem no Sistema Braille. Em um primeiro momento, em 2019, seu objetivo era cursar Análise e Desenvolvimento de Sistemas, mas notas o levaram à Ciência da Computação. Passado um período, Luziano trancou sua matrícula e refez o Enem. Dessa vez, para cursar a graduação que sempre quis, com uma bolsa parcial. “Eu tive um desempenho tão bom a ponto de conseguir uma boa nota para ingressar no curso que eu queria e no qual me formei”, disse.  

Desde 2023, o cartão-resposta das provas, que até então era impresso em fonte padrão (tamanho 12) para todos os participantes, é adaptado no caso das pessoas com deficiência visual (tamanho 18).   

Na avaliação de Luziano, o contato com pessoas que já passaram pela experiência pode ajudar a entender aspectos do exame. “É importante tentar. Acho que o contato com outros cegos ou com pessoas com deficiência que já fizeram o Enem também ajuda a abrir o leque de experiências”, pontuou. Luziano chamou a atenção para a colaboração, em relação a matérias de estudo para o exame voltado a pessoas com deficiência. “Eu doei os meus livros que usei para estudar. Não joguei fora. Acho que é uma forma de ajudar outras pessoas”, disse.  

De acordo com ele, é fundamental buscar auxílio para lidar com possíveis intercorrências, mas ter a iniciativa de fazer o exame. “Sobre as pessoas com deficiências em geral, acho que é questão de confiar em você mesmo, não ter medo de buscar, fazer a prova e buscar ajuda, se precisar”, analisou. 

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações do Inep 

Foto de capa: Divulgação MEC

Deixe um comentário