Matheus Martins de Oliveira, morador da cidade do Senhor do Bonfim, na Bahia, é cadeirante desde que nasceu, há 28 anos. Ele tem miopatia congênita do tipo nemalínica, uma desordem muscular de origem genética, e doença de EkmanLobstein, também conhecida como “ossos de vidro”. Contrariando os preceitos médicos e as barreiras impostas pela sociedade para as pessoas com deficiência, Matheus, que é formado em Direito, ingressou na seleção de mestrado em Políticas Sociais e Cidadania da Universidade Católica de Salvador (UCSal) em 2021, como primeiro colocado na classificação geral. “Minha condição é uma realidade em minha vida, mas nunca uma condicionante”, afirma.
A dissertação de Matheus, intitulada Direitos Humanos e Inclusão Social em tempos de crises: sujeitos com deficiência como pressuposto da diversidade na educação, obteve aprovação com distinção e será publicada em formato de livro. Em seguida, o pesquisador, que é bolsista da CAPES, ingressou no doutorado. Ele também dá palestras, formações e capacitações no campo da inclusão. “Sou reconhecido pela competência de meus escritos, fazendo com que minha pessoa venha antes da minha deficiência, cabendo a esta figurar apenas como uma característica que compõe a integridade do que sou”, conta ele, que já recebeu vários prêmios. “Juntos, realizamos, para contribuir e transformar a sociedade à nossa volta”.
Na avaliação de Matheus de Oliveira, a bolsa da CAPES possibilita dedicação à pesquisa científica. “O apoio concretiza a participação em congressos, mostras, publicações e a divulgação no escoar de nossas teses, possibilitando ir cada vez mais longe, no propósito de devolver para sociedade todos os benefícios que extraímos das potencialidades de nossas produções científicas”, conclui.
Na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, vive Thayanara Cruz da Silva, uma mulher preta de 27 anos. Curiosa desde criança, colecionava folhas e sementes, e gostava de observar o ciclo de vida dos animais. No ensino fundamental, quando teve o primeiro contato com a disciplina de ciências, percebeu que sua paixão tinha nome: Biologia.
Em 2014, ingressou na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no curso de Ciências Biológicas. Depois, em 2019, veio o mestrado em Bioquímica e, na sequência, o doutorado. Bolsista da CAPES, ela ressalta que mesmo diante das adversidades, em nenhum momento pensou em desistir. “Enfrentei muitos obstáculos, como o preconceito racial, a falta de recursos para desenvolver o projeto e, também, para garantir a minha sobrevivência”, relata.
A entrada na vida acadêmica trouxe a realização de parte do sonho de Thayanara, mas a bolsa da CAPES se tornou um alicerce fundamental. “Além de possibilitar minha dedicação integral à pesquisa, o benefício foi a âncora que me permitiu superar os obstáculos financeiros. A bolsa é o meu salário, pois mantém meu sustento básico, aliviando as preocupações que poderiam minar meu objetivo. Cada descoberta, cada experimento, é uma realização pessoal e um tributo àqueles que acreditaram no meu potencial”, comemora. “Sou grata à CAPES por reconhecer o valor da diversidade e por investir não apenas em pesquisadores, mas em histórias de vida, o que possibilita a realização do meu sonho de ter representatividade como mulher preta e pesquisadora”, acrescenta.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
Fonte: Redação CGCOM/CAPES
Foto de capa: Imagem: Matheus Martins de Oliveira (Arquivo pessoal)