Mesmo com apenas 16,49% da população no Brasil imunizada contra a covid-19, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, “convocou” alunos e profissionais da área para voltarem às aulas presenciais. Em pronunciamento, ele defendeu que manter escolas fechadas traz consequências “devastadoras”, impactando negativamente os mais jovens.
“Quero conclamá-los ao retorno às aulas presenciais. O Brasil não pode continuar com as escolas fechadas, gerando impactos negativos nesta e nas futuras gerações. Não devemos privar nossos filhos do aprendizado necessário para a formação acadêmica e profissional deles. Estudos (…) apontam que o fechamento de escolas traz consequências devastadoras”, disse Ribeiro em rede nacional de rádio e televisão.
O ministro também culpou estados e municípios pelo fechamento das escolas, reforçando que o governo federal não tem poder de decisão sobre o tema. Se dependesse do MEC, completou, todas as escolas já teriam sido reabertas.
O Ministério da Educação não pode determinar o retorno presencial das aulas, caso contrário eu já teria determinado. Mas não é um retorno a qualquer preço, que isso fique bem claro. Fornecemos protocolos de biossegurança sanitários a todas as escolas, tanto da educação básica quanto do ensino superior.
Ao final, ao dirigir-se aos estudantes, aos pais e mães e aos profissionais de educação, Ribeiro disse que a volta às aulas presenciais é uma “necessidade urgente” e defendeu que a vacinação, única maneira de conter, de fato, a pandemia, não pode ser condicionante para a reabertura das escolas.
“A vacinação é importante e eu, pessoalmente, solicitei ao senhor ministro da Saúde [Marcelo Queiroga] a priorização de todos os profissionais da educação básica, os quais já estão sendo vacinados. Entretanto, a vacinação de toda a comunidade escolar não pode ser condição para a reabertura das escolas. (…) Precisamos enfrentar juntos os desafios impostos pela pandemia”, concluiu.
Adicionalmente, mais de 34,9 milhões de pessoas no país completaram a imunização contra a covid-19 — isto é, tomaram as duas doses da vacina, no caso da CoronaVac, da Pfizer e da AstraZeneca, ou a dose única da Janssen. Esse número corresponde a apenas 16,49% da população nacional.
Os dados são do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte e foram coletados junto às secretarias estaduais de saúde.
Os números são de um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo junto a governos estaduais. Daquelas que ainda não liberaram a volta, dez redes estaduais e a do Distrito Federal pretendem convocar os alunos no próximo mês. Na Paraíba e no Acre, isso está previsto para setembro. Bahia e Roraima ainda não definiram cronograma de retorno.
Já entre as capitais, apenas 13 já haviam retornado em julho — ainda que parcialmente — às atividades presenciais. Entre aquelas que optaram por atividades remotas, quatro pretendem voltar à escola em agosto, três em setembro e sete permanecem sem previsão de retorno. As redes municipais atendem, na maioria, as séries iniciais do ensino fundamental (6 a 10 anos) e a educação infantil (creche e pré-escola), justamente os alunos que têm mais dificuldades de acompanhar aulas online.
Belo Horizonte, por exemplo, iniciou o retorno da educação infantil em maio, após quase 12 meses de creches fechadas. A partir disso, fez a liberação gradativa das séries seguintes, mas alunos do 6º ao 9º ano voltam só em 5 de agosto.
Outras capitais decidiram por retorno mais tardio. É o caso de Rio Branco, que pretende retomar depois que todos os professores tomarem a segunda dose da vacina, o que acontecerá na segunda quinzena de setembro. Belém e Aracaju também estimam o retorno das atividades presenciais em setembro. No caso da capital do Sergipe, a abertura de colégios particulares também não foi liberada.