A próxima edição do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que ocorre em 5 e 12 de novembro de 2023, recebeu 3.933.970 inscrições. O número marca a interrupção de uma curva de queda nos registros para fazer as provas, principal porta de entrada para o ensino superior no país.
As inscrições para o Enem 2023 superam em 13,1% o número de 2022. Sob o governo Jair Bolsonaro (PL), o Enem sofreu processo de desidratação de procura e, no ano passado, o volume de inscritos foi o menor em 17 anos.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (29) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). O órgão do MEC (Ministério da Educação) é responsável pela prova.
Do total de inscritos, 63% conseguiram isenção da taxa de inscrição —têm direito à gratuidade egressos de escolas públicas e pessoas com baixa renda. Quase metade (48,2%) dos inscritos para o próximo Enem já terminaram o ensino médio, enquanto outros 35,6% concluem este ano. O restante, 15,8%, ainda estão no 1º ou 2º anos e vão fazer a prova como treino.
Com a nota da prova, os participantes podem participar do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que agrega vagas de instituições públicas, sobretudo federais, que adotam o exame como vestibular. O sistema permite concorrer a vagas em todo país.
No primeiro semestre de 2021, o Sisu reuniu 221 mil vagas e 125 instituições.
A nota ainda é critério para o ProUni (Programa Universidades para Todos), Fies (Financiamento Estudantil) e também para algumas instituições privadas. Os resultados individuais também podem ser aproveitados em processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep.
O estado com maior interesse no exame é São Paulo, com 580.759 inscrições. Na sequência, aparecem Minas Gerais (358.599) e Bahia (324.272).
Sob Bolsonaro, o Enem esteve no centro de disputas ideológicas e também houve problemas de organização. O MEC tentou interferir no conteúdo da prova com a criação de uma espécie de tribunal ideológico para censurar determinados temas.
O governo recuou, entretanto, da ideia de ter uma comissão permanente sobre o assunto após reportagem da Folha revelar o plano.
Questões sobre ditadura militar (1964-1985), por exemplo, não caem na prova desde 2019 —o que nunca tinha ocorrido até então. No ano passado, o presidente chegou a pedir ao então ministro da Educação Milton Ribeiro que o exame não falasse em golpe de 1964, mas em revolução, visão rechaçada por historiadores.
Confira os números de inscritos por estado:
Estado | Inscritos |
São Paulo | 590.759 |
Minas Gerais | 358.599 |
Bahia | 324.272 |
Rio de Janeiro | 282.300 |
Ceará | 242.964 |
Pará | 229.179 |
Pernambuco | 218.857 |
Rio Grande do Sul | 192.717 |
Paraná | 166.505 |
Maranhão | 165.771 |
Goiás | 149.115 |
Paraíba | 124.135 |
Rio Grande do Norte | 100.702 |
Piauí | 99.655 |
Amazonas | 92.930 |
Santa Catarina | 91.241 |
Alagoas | 82.775 |
Sergipe | 75.388 |
Espírito Santo | 73.739 |
Distrito Federal | 73.007 |
Mato Grosso | 63.925 |
Mato Grosso do Sul | 47.457 |
Rondônia | 36.046 |
Tocantins | 32.616 |
Amapá | 28.815 |
Acre | 24.278 |
Roraima | 9.640 |
Fonte: Folha de S.Paulo