Fundação Behring, do bilionário e ex-aluno Alex Behring, vai repassar R$ 35 milhões para construção de prédio e inauguração de um bacharelado
A PUC-Rio vai receber R$ 35 milhões, a maior doação individual desde a sua fundação, para a construção de um instituto de referência em ensino e pesquisa em inteligência artificial.
A doação, que começou a ser negociada há mais de um ano e recebeu até mesmo a anuência do papa Francisco, será feita pela Fundação Behring. A organização foi criada em 2020 pelo bilionário Alex Behring —um dos dez homens mais ricos do Brasil, segundo a Forbes.
Ex-aluno da PUC-Rio, Behring é cofundador e sócio da 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, além de presidente da Restaurant Brands International, que detém os restaurantes Burger King.
Com os recursos, a PUC-Rio vai construir o Edifício Behring, um prédio de 3,3 mil m² no campus da Gávea para abrigar espaços de trabalho, salas de aulas e laboratórios de ponta em inteligência artificial. No local, também será ministrado um curso de bacharelado sobre o assunto.
“Eu brinco, mas, no fundo é verdade, que falei até com o papa sobre o instituto. Em 1º de janeiro deste ano, o papa Francisco divulgou a mensagem do Dia Mundial da Paz e falou que a inteligência artificial pode servir a causa da fraternidade. Dias antes eu tinha conversado com ele sobre o instituto e ele incentivou muito a ideia”, disse o padre Anderson Antonio Pedroso, reitor da universidade.
A graduação em inteligência artificial foi elaborada de forma interdisciplinar por quatro departamentos da universidade, de matemática, informática e as engenharias elétrica e industrial.
Apesar de as obras do prédio só estarem previstas para serem entregues em dois anos, o curso deve receber os primeiros alunos no segundo semestre de 2025, com uma turma piloto. Nos anos seguintes, a PUC-Rio pretende ofertar 100 vagas por ano, com um amplo programa de bolsas de estudo. O reitor disse que o valor das mensalidades ainda não foi definido.
“É a nossa primeira graduação a nascer dessa forma, interdisciplinar e interdepartamental. Ela já nasce com uma nova concepção de educação, de que precisamos de profissionais mais completos”, explica a o reitor.
Em 2019, a UFG (Universidade Federal de Goiás) iniciou o primeiro curso de IA do Brasil —a primeira turma se formou neste ano. Segundo o reitor da PUC-Rio, a diferença do curso que será ofertado é que ele será desenvolvido em meio a um polo de pesquisa sobre o tema.
“É uma graduação que nasce conectada com um ambiente de pesquisa de ponta, pela qual a PUC-Rio se destaca.”
Ainda segundo Pedroso, a ideia é que o conhecimento produzido pelo instituto sobre inteligência artificial permeie todas as outras graduações ofertadas pela universidade. “Não vamos apenas ofertar uma graduação a mais, mas uma graduação que muda as demais. Hoje, por exemplo, quem estuda direito precisa saber sobre IA. E nós vamos fazer esse intercâmbio entre as áreas.”
A ideia é que o instituto funcione como um “hub de IA”, ou seja, um centro de estudos e pesquisas avançadas sobre o tema em intersecção com diversas áreas do conhecimento. “Haverá articulação com todos os demais cursos, porque a inteligência artificial já influencia todas as áreas. Um profissional completo precisa dominá-la.”
O reitor também destacou que, com a criação do instituto, a PUC-Rio reforça sua vocação em fazer pesquisa sobre tecnologia de ponta. A universidade é uma das poucas instituições de ensino particulares do país que aparece entre as mais prestigiadas do mundo —ficou entre as quatro mais bem avaliadas do Brasil na lista da revista britânica Times Higher Education. No RUF (Ranking Universitário Folha) de 2024, está na 25ª posição.
Fonte: Folha de S.Paulo
Foto de capa: Projeção do Edifício Behring, onde irá funcionar o Instituto de Inteligência Artificial da PUC-Rio – Divulgação /PUC-Rio